Monday, April 28, 2008

Somos outra vez...

Quase a dormir, mas sem conseguir dormir, sentia o morno da minha mulher ao meu lado. Um corpo a respirar. Tinha o braço direito sobre ela e o peito colado às suas costas, a dobra dos meus joelhos encaixava por trás da dobra das suas pernas e o interior do meu braço passava por baixo do braço dela, seguindo a forma das costelas, rodeava-a, envolvia-a, protegia-a e a palma da mão assentava na sua barriga: o nosso filho. A minha mão sobre a sua barriga, sobre o nosso filho, era a minha maneira de adormecer e contar-lhes os meus pensamentos e os meus sonhos. Pensava no nosso filho como se falasse com ele. Estava a imaginar o rosto do nosso filho quando nascesse. Como se nascesse um dia novo e repentino dentro de mim, dentro dos meus olhos em chamas. Sinto que não é o mundo que existe e que arde perante os meus olhos, mas que são os meus olhos que criam e que incendeiam este mundo diante de si. Um mundo inteiro criado pelas chamas que jorram dos meus olhos. Estás linda dentro do meu coração.

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