Monday, April 28, 2008

Somos outra vez...

Quase a dormir, mas sem conseguir dormir, sentia o morno da minha mulher ao meu lado. Um corpo a respirar. Tinha o braço direito sobre ela e o peito colado às suas costas, a dobra dos meus joelhos encaixava por trás da dobra das suas pernas e o interior do meu braço passava por baixo do braço dela, seguindo a forma das costelas, rodeava-a, envolvia-a, protegia-a e a palma da mão assentava na sua barriga: o nosso filho. A minha mão sobre a sua barriga, sobre o nosso filho, era a minha maneira de adormecer e contar-lhes os meus pensamentos e os meus sonhos. Pensava no nosso filho como se falasse com ele. Estava a imaginar o rosto do nosso filho quando nascesse. Como se nascesse um dia novo e repentino dentro de mim, dentro dos meus olhos em chamas. Sinto que não é o mundo que existe e que arde perante os meus olhos, mas que são os meus olhos que criam e que incendeiam este mundo diante de si. Um mundo inteiro criado pelas chamas que jorram dos meus olhos. Estás linda dentro do meu coração.

Monday, April 21, 2008

Nightwish - "rescaldo" do concerto no Coliseu de Lisboa

O bilhete já estava comprado há algum tempo. O tempo suficiente para não ter de pensar duas vezes antes de o fazer. Afinal eram os Nightwish, e desde Vilar de Mouros em 2005 que chorava para os ver.

Eram 19h30 quando cheguei ao Coliseu, bem acompanhada. Já nos esperavam.

As portas abriram e para fugir à chuva centenas de pessoas se apressaram a subir as escadas, tropeçando entre capas negras e botas pesadas. Poucos foram aqueles que procuraram um melhor lugar.

Os Pain, banda sueca, abriram o espectáculo. Cumpriram o seu papel na perfeição. Fizeram o público saltar e cantar, bem quentinhos para o que se seguiria.

Terminaram com a entrada não esperada de todos os elementos dos Nightwish. Tocaram juntos a sua música, arrisco-me a dizer mais conhecida, 'Shut your mouth'. Foi um momento feliz que culminou o bom instrumental e a enérgica presença em palco apresentados. A dúvida era apenas uma, a vocalista era a Anette Olson ou a Nelly Furtado?... -.-

Momentos depois, trocas de palco, instrumentos, afinações (demasiado tempo desperdiçado a meu ver...), surgem os primeiros acordes de 'Bye Bye Beautiful'.



No geral, durante as duas horas, o concerto tornou-se em muito mais do que a simples apresentação de temas ao vivo. Nada faltou. A troca de energia entre a banda e o público foi sempre muito forte. Animação por parte da banda convidada (Pain) durante o concerto de Nightwish também não (lembrar entrada em palco de Bin Laden e de um cozinheiro a servir shots). As músicas apresentadas também estiveram balanceadas entre o calmo e o frenético. A nova vocalista consegue e faz por estar em permanente contacto com todos (bandeira portuguesa às costas, por exemplo). As emoções do público fizeram-se sem dúvida notar.

No entanto, faltou qualquer coisa. Talvez aquele qualquer coisa da voz insubstituivel de Tarja Turnen, talvez a sua presença misteriosa, altiva e mágica em palco. Aquele qualquer coisa que em tempos me fez pensar os Nightwish como uma banda inalcansável.

Talvez tenha sido só eu... E nada contra a Anette, atenção. Ela canta fora do seu registo, teve de fazer uma reinterpretação das músicas e mesmo assim consegue aguentar duas horas inteiras e todos os fãs, com uma presença fantástica e muito pessoal.

Bom, mas quem gostei mesmo de ver foram o Marco Hietala e Tuomas Holopainen. Este último então! *.* ai ai... (mas isso é outra história) Eles são os Nightwish! E os restantes que me desculpem.

Bonito de ver foi também a cumplicidade entre todos os elementos da banda, e bandas.

O concerto terminou com a repetição da 'Wish I had an angel' - Nightwish e Pain.





Bom espectáculo. No entanto, não um concerto inesquecível.

Sunday, April 20, 2008

Então é assim:

Não é que o tempo seja pouco

Sei que em parte a culpa é minha, desperdiço-o

Mas estão tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo

Às vezes não sei por que lado começar, que frente enfrentar

Não tenho sido das melhores companhias, eu sei

Tanto estou como deixo de estar, mesmo ficando

O problema é que mergulho demasiadamente noutras situações, nas alturas erradas

Os problemas são vários

Não que não os consiga resolver, mas ando sem força



Para todos aqueles que têm estado ao meu lado, que têm sentido na pele este pseudo desiquilibrio racional,

Vai um pedido de desculpa

E a promessa de que depois de toda esta luta, descoberta e destruição interior,

Me conseguirei desenhar melhor que nunca;

Para todos aqueles cuja distância fisica é um obstáculo,

Mas que mesmo assim consegui quebrar, distanciando-me

Um pedido de desculpa ainda maior

Precisei mesmo de o fazer;

Para os outros, aqueles aqui "presentes", que em vez de estar preferem ler este blog

Que só depois comentam tê-lo feito e continuar a fazer

Esclareço que não sou o blog e este blog não sou eu

Aquilo que faço e sinto não se resume a isto

Agradeço muito a presença (maioritariamente silênciosa)

Mas talvez se deva tornar mais que isso...


Todos entendem que aqui, escrevo para vós,

Mas nunca realizei estar realmente a fazê-lo

Dar-vos caras, nomes

Torna-se estranho agora que começou a acontecer

Torna-se estranho saber que desabafo coisas que talvez não devesse

É provável que vá portanto existir uma mudança de conteudos, não sei

Logo se vê

(a "culpa" não é vossa, é minha, nunca tive noção do tamanho que isto alcançou)


Entretanto, amanhã voltarei a blogar (uma prendinha... eu acho!): Nightwish - "rescaldo" do concerto no Coliseu de Lisboa

Inté :) ***

Friday, April 18, 2008

While your lips are still red...

Porque acordei assim...

Feliz, mas melancólica...

(acho eu)



Sweet little words made for silence
Not talk
Young heart for love
Not heartache
Dark hair for catching the wind
Not to veil the sight of a cold world

Kiss while your lips are still red
While he's still silent
Rest while bosom is still untouched, unveiled
hold another hand while the hand's still without a tool
Drown into eyes while they're still blind
Love while the night still hides the withering dawn

First day of love never comes back
A passionate hour´s never a wasted one
The violin, the poet´s hand
Every thawing heart plays your theme with care

Kiss while your lips are still red
While he's still silent
Rest while bosom is still untouched, unveiled
hold another hand while the hand's still without a tool
Drown into eyes while they're still blind
Love while the night still hides the withering dawn

Coisas... coiso... enfim...


Coisas que calham em conversa. Já não me lembro como lá chegámos... mas chegámos.

Estou revoltada...

Censuraram-me o blog!

Estou à espera de noticias que deviam ter chegado à 2 dias!

Estou cansada mas não tenho sono!

Tenho demasiados planos para o fim de semana!

Não consigo escolher uma pessoa para me ajudar de uma pequena lista de 4!

Continuo a sentir um mal estar estupido (o que segundo alguns me faz ter cara de zombie)!

E tive uma conversa parva que me deixou assim, parva! :(

Precisáva de carregar na "pausa" só por 1 hora - sabor a paraíso!

Não posso... até lá: Portishead e José Luís Peixoto!

tás a chover lá fora,
sim, tu!

Tuesday, April 15, 2008

É claro que houve muita coisa que mudou

Mas para melhor?

Isso é muito relativo...
Depois de te habituares a determinada pessoa.... Não sei explicar.

Tenta...

Por exemplo, uma das coisas que sinto mais falta é de saber que tinha alguém para dormir comigo todas as noites... Adormecer abraçado à pessoa que amas e senti-la ali durante toda a noite... Às vezes ainda acordo e faço gestos e falo como se ele ainda lá estivesse.

Mas vocês viveram juntos?

Mais ou menos...

Então mas ainda gostas dele?

Não é isso... também não sei explicar. Não gosto dele porque tudo o que ele me fez acabou por estragar aquilo que sentia. E o pior é que me chego mesmo a arrepender de coisas que ainda ia fazendo quando tinha plena consciência de que o que tínhamos já não era nada.

Então porque continuaste?

Porque foi muito tempo... e porque realmente gostava dele. E isso ilude. Faz pensar que será apenas uma fase... Que vai passar...

E passou?

Às vezes sim. Ele era estranho nisso. Quis continuar depois de ter acabado comigo. Arrependo-me de ter dito “sim” nessa altura.

Não o voltavas a fazer?

Provavelmente faria... É como disse. Quando gostas a sério, iludes-te demais.

Mas esse era um amor equilibrado?

Acho que nunca foi... Primeiro era tudo ele e agora tudo eu. Nunca encontrámos esse equilíbrio.

Não tentaram?

Nunca falámos sobre isso. No inicio ele nunca me falou do que sentia. Ou então eu não quis entender o que ele me dizia. Foi aí que as coisas aconteceram... E depois era eu que tentava falar com ele e ele que não queria ouvir.
Sei que no fim isso já não importava. Ambos sabíamos o que ia acontecer. Ele mais do que eu...

Porque dizes isso?

Porque enquanto me dizia que estava a tentar resolver as coisas com ele próprio. Estava na realidade a resolver as coisas com outra pessoa.

E tu sabias?

Acabei por saber.

E não fizeste nada?

Fiz. Parei de tentar. Estava cansada. E se ele já não lutava, porque o haveria eu de fazer?

E agora?

Agora não sei. Já passou a fase em que me importei com isso. Espero que seja feliz. Mas conhecendo-o... acho difícil.

Mas ainda falas muito dele.

Nem por isso. Falo mais com pessoas que não o conheceram. Ou conheceram mal. Grande parte dos meus amigos odeiam-no e então prefiro não falar disto com eles. Mas falo claro, senão falasse é que era grave, não é?! Era sinal que não era capaz.
Tudo isto, apesar de tudo, fez-me muito bem. Há muito tempo que não me olhava num espelho e gostava do que realmente via. Há muito tempo que não vivia para mim, com a minha cabeça. Tomava as minhas decisões depois dele tomar as dele. Achava que assim ia conseguir conciliar as nossas diferenças. No entanto dele só ouvia criticas. No inicio construtivas. Agora, tanto ele como eu sabíamos que aquilo era para me destruir. Na cabeça dele e na minha que perdia a força para tomar qualquer decisão. Ele tornou-se muito manipulador e egoísta.

Consideras que vocês são muito diferentes?

Cada vez mais. Mas dou margem de dúvida... Acho que ele queria que o visse desse modo para perder o interesse. Deu resultado.

Então e agora? Apaixonaste-te outra vez?

Não. Apaixonar-me outra vez vai levar tempo. Mais não seja na minha cabeça. Quero respirar primeiro e assimilar todos os erros que cometi. Aprender com eles.

Queres um amor mais racional?

Não necessariamente. Basta que seja amor.

Encontraste-o?

Em mim, sim.

E como está a ser agora? Como te sentes?

Bom... sinto-me como se tivesse mudado de casa. Há muita coisa desarrumada. Sentes falta daquela familiaridade que tinhas com algumas coisas. Mas é um recomeço. Não sabes se vai correr bem ou mal. Mas desta vez, pelo menos, vai estar tudo mais arranjado ao teu modo.
Não tá a ser difícil, nem fácil. Está a ser normal para este tipo de coisas. Quero que passe. Mas não depressa. É como já disse, quero aprender com isto.

Foi muito tempo. Achas que perdeste esse tempo?

Não. Acho que como tudo, teve aspectos positivos e negativos. Importa que saibamos lidar com os últimos e recordar os primeiros da melhor forma. É preciso que recordar não magoe. E no inicio isso ainda acontece.

Acreditas que consegues impedir-te de te apaixonar?

Sim. As paixões são formadas primeiro na nossa cabeça. Precisamos é de ter noção do seu nascimento e cortá-lo logo ao inicio. Só te apaixonas se quiseres. Se alimentares esse sentimento. Claro que tudo vai depender da pessoa que está do outro lado. Se o interesse for mutuo, torna-se mais difícil dizer não. Até porque qualquer pessoa se sente bem ao saber que tem alguém que gosta dela. Desde que as coisas não se tornem complicadas. É normal ter essa necessidade de reconhecimento.

E no amor para sempre, acreditas?

No amor sim, na paixão não. Assim como não acredito num “amo-te” dito até não se chegar a determinado degrau uma relação.
Tenho uma imagem que me deram para demonstrar isso: a paixão é como um fósforo. Incendeia-se depressa. Mas apaga-se ainda mais depressa. No entanto, algumas paixões, se alimentadas, tornam-se em muito mais. Fogueiras. E essas fogueiras são o amor. Quando duas pessoas deixam de ser o “apenas uma” pelo qual se luta no inicio de uma relação, e passam a ser uma só, inseridas no mundo gigante que as rodeiam. É aí, onde se encontram os verdadeiros problemas e as verdadeiras lutas que quando travadas e ganhas, alimentam ainda mais esse lume.

E sexo sem amor/paixão?

Não passa de sexo. Não vou por aí. Perde todo o interesse. Torna-se mecânico.

Então e futuro? O que pensas fazer agora?

O que já ando a fazer. Não há melhor remédio do que seguir em frente. Seguir com sonhos que tinham sido esquecidos. Escutar outros que nunca se puderam expressar. Estou apaixonada pela vida. Pela música, escrita, pintura e fotografia. Estou apaixonada pelas pessoas que todos os dias estavam ao meu lado e que mal escutava.
Tenho saído e trabalhado. E tenho colhido os frutos desse trabalho. No fundo é isto que quero para o futuro. Ser melhor. Fazer o que não nos é imposto.
Há coisas na nossa vida que praticamente já estão definidas: trabalhar, casar, ter filhos. Isso sei que quase de certeza farei. Mas neste momento quero fazer aquilo que não sei. Agarrei num pincel sem saber pintar e aprendi a pintar com as mãos. Criei imagens que agora estão expostas, porque quis aprender a fotografar. Faço parte de um projecto de musica porque há algum tempo não tive medo de arriscar. Conheci pessoas fantásticas em todos esses lugares.
Não sei no que isto vai dar... Não faço mesmo ideia. Mas isso dá-me uma certa adrenalina. Saber que sou a única que posso desenhar os meus caminhos.

Então e a faculdade? Não falaste disso.

Nunca me apliquei muito a isso. Faço-o para ter uma rede de protecção em caso de queda. De qualquer modo já estou a meio do curso. Mais um ano e saio daqui. Quero sair de Lisboa, de Portugal, quem sabe, mesmo da Europa. Não quero ficar demasiado tempo quieta no mesmo espaço. Mas ainda preciso de tempo para crescer. Este ano e meio vai servir para isso mesmo. Não quero ir com sonhos de criança. Quero ir com objectivos de adulto. Conheço as minhas limitações. E não são poucas.

Não estarás a tentar fugir? A ocupar o teu tempo?

Já me tinha perguntado isso. Não. Estou só a aproveitar o tempo perdido.

À pouco disseste que não consideraste este tempo como tempo perdido.

E não foi.

Bom, estou a ver que vamos ter aqui muito em que trabalhar então.

Monday, April 14, 2008

Sótão fechado [ponto final] parágrafo?


Cativaste-me

Não o quiseste

Nem eu

Mas cativaste-me

Esse coração gigante

E esse sorriso arrebatador

Cativaste-me

As várias mãos que dás a todos

A única que me foi estendida

Não o quiseste

Nem eu

Mas cativaste-me

O ser real que és

O modo de pensar que tens

Cativaste-me

As chapadas que me deste

As lágrimas que amparaste

Não o quiseste

Mas o mundo que me mostraste...

Nem eu

Diferente de tudo o que vi

Cativaste-me

E agora?


Já sinto a tua falta

(és o único que não me leva a sério,
fazendo-o, ao mesmo tempo, melhor do que qualquer um)



Fujamos das (des)ilusões
Desenhemos novos caminhos

"- O que é que "cativar" quer dizer?
- Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa.
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
- Tenho uma vida terrivelmente monótona...
- Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol."


Antoine De Saint-Exupery "O Princepezinho"


Friday, April 11, 2008

Nightwish

Existem pessoas que nunca se deviam separar.

Problemas pessoais destruiram uma das melhores e mais originais bandas de metal - falo dos Nightwish.

E agora, com caminhos diferentes (vocalista com album a solo; resto da banda com uma nova vocalista) a música de ambos perdeu toda a consistência e magia que tinha.

É triste ver isto acontecer ao fim de 10 anos de trabalho de equipa. Foi triste a forma pública e insultuosa como a separação foi feita.

Pergunto quem será a próxima banda a faze-lo...
Julgo que os Evanescence são bons candidatos.

Enfim... videozinhos que falam por si:

Nightwish (formação com Tarja Turunen)

Nightwish (formação com Anette Olson)




Tarja Turunen

Não que a música seja má de todo...

Mas nunca mais será a mesma.

(e dia 19 lá vou para o Coliseu ver como as coisas correm)

Wednesday, April 09, 2008

Momento musical da semana!

Anouk

Depois de "Nobody's Wife" eis que o mundo deu uma voltinha de... hum... 180º graus.

E aqui fica, It's so Hard.


(qualquer parecença com a realidade é pura coincidência)




I'm just thinkin' about the child in me,
That I sometimes feel inside
And I'm figuring out just what it is
That makes me feel so small
Is it you, that hurts me when I give myself
Every day and every night
Am I too blind to see that it doesn't work out
Did I really ask too much of you baby
Do you mean to tell me that's the way it is
Do you mean to say
It's all so hard, It's so hard
It's all so hard, It's so hard
As I search for an answer, I see the clear blue sky
And I know that you're the one to blame
And I feel so naive
When you say that our love to you was just a game
I dream, my dream, I'm sane, I'm insane
Oh, please don't, please don't speak to me that way
Do you mean to tell me that's the way it is
Do you mean to say
It's all so hard, It's so hard
It's all so hard, It's so hard
Damned it's so hard, why you're so hard
Why you're so hard,
It's tearing me apart

Wednesday, April 02, 2008

"O que os olhos não vêem, o coração não sente"

As mentiras que temes dizer, tenho eu de inventar por nós. Assim como o “andar em frente” que tanto desejas tenho de ser eu a realizar, sozinha.

Não entendo, de facto não entendo muita coisa que dizes e fazes ou pensas fazer. Mas neste momento era essencial que saísses desse mundo e regressasses à terra dos adultos, onde os sonhos não têm significado e os pesadelos se tornam bem reais. Mas ainda não o fizeste. Fa-lo-ás? Quando for demasiado tarde?


A culpa não foi minha. Podes gritá-lo e posso pensá-lo, mas sei que não foi. Foram precisos dois para amar assim. São precisos dois para destruir esse amor.


Compreendo, compreendo sim a confusão que deve estar na tua cabeça. Mas e a minha? Já paraste, por instantes, de pensar do mesmo modo? Entendes por ventura o tamanho daquilo que se está a passar connosco agora?


Ser grande, ser maior, ter cabeça e força e vencer! E o coração? Tu não sabes o que é sentir, saber a sua presença e amar. Amar o que sabes não puder ter... Não puder ter por capricho. Sim, por capricho! Realmente acreditas que não éramos capazes? Eu sei que sim. E ser adulto é ser isso também. É arcar com as consequências, dar uma volta na vida se necessário. Conseguir dar aos outros mais do que damos a nós. Mas isso já é ser humano também. E é aí que falhas. Tanto te quiseste distanciar que o fizeste demais.


Define, tu que te julgas bom nisso, define o que estás a ser! Olha-te ao espelho todos os dias e procura nos teus olhos o que queres fazer. Falo-e-mos?


Coloco perguntas mas não procuro essas respostas. Sei que não existem para esta história. Sempre vivemos dia a dia e nunca mantivemos a mesma rota. Impossível para ti. Impossível para mim. Nunca fomos bons a ler mapas e a desenhar caminhos. Mas fomos bons juntos. E é por isso que acredito. As respostas que procuro são outras. Aquelas que também temes responder.


Acredito que tudo tem um jeito de ser na vida. Vários caminhos. Caminhos de vários indivíduos que se cruzam com diferentes propósitos. Que acabam por, algumas vezes, partilhar. Não achas que esta pode ser uma luz de alerta ao que está a acontecer? Não. Não é de todo isso que pensas! Achas mesmo que ia cair no mesmo erro pela 3ª vez? Não que tenha sido sempre um erro... Mas muita coisa foi. E isso é outra lengalenga que agora nada me faz, a não ser cansar. Luz para nós que procuramos caminhos. Não será que estão já aqui comigo?


Pensar e agir. Não agir e pensar. Preocupa-me a tua cegueira. Não te permites ver o agora por muito importante que ele seja. Por muito agora que te esteja à frente. Vai ser pior depois para ti. Não sei se já o não estará a ser.


Os dramas, os dramas que me julgas ver a desenhar. Admito que tenham sido alguns. Mas nunca errados, nunca inventados, apenas exacerbados pelo comichoso do meu coração. Mas agora não é o caso! Sabe-lo bem, não sabes?


Não, sim admito. Não tenho respostas. Tenho um plano. O mais fácil. O mais pequeno. Aquilo que nos permite passar e esquecer. Aquilo que nos fará chorar durante meses... (talvez mais tarde novamente quando recordar magoar) Mas que não nos fará enlouquecer para sempre. Nem amar para sempre... Sim eu imagino. Deixá-lo vir e amá-lo e dar-lhe tudo o que temos. Planos? Que importam eles comparados a isso?


Dói, magoa, aflige tanto que sufoca. Mas no fim o que é pior?

Liberdade? Ou vida? Optaremos por um, mas nunca saberemos