Saturday, September 30, 2006
Para ti...
Thursday, September 28, 2006
Pensamento do dia...

Saturday, September 23, 2006
Cântico Negro...

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio =)
Tuesday, September 12, 2006
A Caixinha das Memórias...

Não sei se é frio ou calor aquilo que sinto agora...
Não sei se foi amor ou ódio o que senti quando te foste embora...
A verdade é que no meu coração nada mudou...
Apesar de saber que tudo está diferente nada mudou...
Falo comigo própria e descubro que és tu quem me falta...
Mas o que aconteceu afinal?
Não é da noite para o dia que os sentimentos se transformam
Não é da noite para o dia que as pessoas se transformam
Ou será?
Sinto-me estranha e estranho o mundo
Afinal agora estou sem ti...
Com quem falarei agora?
Com quem chorarei agora?
Com quem sairei agora?
Com quem discutirei agora?
Com quem amarei agora?
Com quem sangrarei agora?
Simplesmente não sei...
Terei de começar tudo de novo...
Mas quem me dará força?
Tenho tantas memórias nossas na minha cabeça
Tantos momentos que para mim serão inesqueciveis
Tantos sentimentos por ti presos no meu coração
Pergunto-me se um dia consegurei amar tanto outro alguém
Pergunto-te se um dia encontrarás alguém que te ame tanto como eu
Mas não procuras isso agora não é?!
Queres para ti as assas da liberdade
Procuras a vida fora de muros que não consigo saltar
Depois de tudo... continuo com uma dor de morte por ti
Mas não foste tu que morreste... fui eu
Tento escrever com lógica mas sei que já não a tenho
Assim como tento viver e não consigo
Deixa-te estar... tu estás bem aqui!!
Sou eu que tenho de partir... com a minha "caixinha das memórias"
Sempre que a abrir o teu perfume voltará a espalhar-se
E voltarei a recordar aquele que és e o quanto te amei!